sexta-feira, 16 de junho de 2017

A polêmica do carnaval do Rio

A grande discussão que tomou conta do Rio de Janeiro, não é mais a crise que o estado passa, nem os problemas de segurança, etc... O assunto do momento é a questão do financiamento do carnaval para as escolas de samba, após o anuncio feito pelo prefeito Crivela de reduzir em 50% os recursos vindos dos cofres municipais para o apoio das escolas do grupo especial, para o investimento em creches.
A LIESA, entidade que congrega as escolas do grupo especial reagiu argumentando os benefícios que o carnaval traz para a cidade e ameaçou em nota oficial que as escolas não irão desfilar em 2018.

É preciso tecer algumas considerações sobre a questão. Primeiro começo dizendo que adoro carnaval, acho que de fato é um dos maiores espetáculos do mundo, adoro ver os desfiles na Sapucaí e desfilar. Mas também acho que a dimensão que os desfiles da Sapucaí alcançaram, já está na hora das escolas e da LIESA buscarem um nível de profissionalização que consiga gerar os rendimentos necessários para arcar com as necessidades dos desfiles e das escolas de samba. O carnaval, e principalmente os desfiles das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, é um indústria criativa com alto valor de mercado, creio que é necessário ter um enfoque e um planejamento mais estratégico para que esse produto cultural de alto valor agregado gere uma receita suficiente para a realização do evento. Para isso é preciso mudar as estruturas das escolas para que tenham uma estrutura com uma visão mais estratégica. Não sei se a maioria dos dirigentes está disposta a isso, o carnaval é um mundo de muitas vaidades e ninguém quer abrir mão de poder.
Outra questão importante nesse debate, são os recursos gerados pelo carnaval para a cidade do Rio de Janeiro, não advém somente dos desfiles da Sapucaí, que atrai um público com um perfil mais elitizado. O carnaval na cidade renasceu com a volta dos blocos de rua, que passaram a atrair milhares de turistas. As escolas e o desfile da Sapucaí são importantes, mas elas por si só, não representam a alma da cultura carnavalesca.
Por outro lado acho que o prefeito Crivela teve uma visão míope do processo, não se pode tomar uma decisão dessa magnitude de uma hora para outra, planejar um carnaval leva tempo, não pode no meio do processo um dos lados serem surpreendidos com um corte tão substancial de recursos. Concordo que a Prefeitura do Rio de Janeiro, tem que discutir o seu papel, mas isso deve ser feito de forma responsável, pactuada, pela importância do carnaval para a cidade, tanto do ponto de vista cultural, como do ponto de vista simbólico e econômico, até porque durante a campanha o atual prefeito se comprometeu em apoiar os desfiles.
Creio que as partes envolvidas necessitam sentar a mesa para buscar uma solução para o tema. Mas alguma mudança é necessária que seja feita para que o carnaval carioca consiga ter uma dimensão que vá além  apenas dos dias de folia e gera condições suficientes para se manter durante todo o ano.






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