sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Culturando - Barrulho Cultural

Estou escrevendo no Jornal de Caxias a coluna "Culturando", resolvi reproduzir no blog a edição de nº 166 do jornal.


Barrulho Cultural

Nos dias de hoje é muito fácil para alguém, com um mínimo de idéia e criatividade, não necessariamente talento,  fazer arte e divulgar para o mundo todo as suas criações. Com a tecnologia digital, as redes sociais, tablets, etc, etc..., qualquer um pode se aventurar e cair na rede.
 
Nem sempre foi assim, quando ainda era adolescente conheci uma turma que fazia as coisas colocando literalmente a mão na massa. Um dia no Teatro Armando Melo, chegou um jovem magro e cheio de ideias, convidando os alunos de teatro do Paulo Renato para participar do lançamento da revista de poesias Arrulho, era o Eduardo Ribeiro.

 O evento que era conhecido pelo nome de Barrulho Cultural, juntava no palco, teatro, dança, poesia, música, artes plásticas e uma inquietação nos participantes. Eu fui, do grupo do Armando Melo, um dos poucos a participar do evento e entrar para o time, que tinha o Eduardo Ribeiro, Paulo Kmikz, David Macedo, Mario Fumanga,  o saudosso Euzébio e outras figuras.
 
A Arrulho era uma coletânea de poetas da região, que era impressa em xerox, com uma qualidade, tanto artística, quanto no design impressionantes. A publicação era conhecida nacionalmente e alguns de seus poetas participaram de outras coletâneas pelo país afora, além de participações em recitais e saraus.
O grupo não era nada convecional, trocavamos as escolas clássicas, pela poesia concreta, o dadaísmo e outros ismos que interligavam nossas cabeças com outras culturas metropolitanas de outras partes do mundo, mesmo sem ainda existir a internet, estavamos ligados, e queriamos ligar a cidade.

Além da Arrulho, o grupo ainda publicava o Fanzine Escória, que tinha a frente o Paulo Kimkz e a revista Respaldo de David Macedo.

Provavelmente muitas pessoas não devem conhecer essa parte da historia da culltura de nossa cidade dos anos 80, mas ela foi um ponto importante para abrir caminho e linkar outras ações que existem até hoje e continuam atuando em nossa cidade.


André de Oliveira



 

Um comentário:

David Macedo disse...

O trabalho a que nos propusemos naquela época estava conceitualmente muito à frente do que produziam as pessoas envolvidas com cultura em Duque de Caxias. As políticas do município relacionadas à cultura eram (e creio que ainda são) tímidas, míopes, retrógradas e conservadoras. As exceções estavam à margem. Nossa abordagem partia de uma visão de mundo ampla, inclusiva, sedenta de informação e aberta ao intercâmbio com o que se fazia em todos os cantos do país e do mundo. Fazíamos crítica social e não acreditávamos em populismo cultural. Fazíamos autocrítica também, coisa que raramente vejo por aí. Não produzimos muito em volume, pois não dispúnhamos de nenhum patrocínio, mas deixamos uma marca que serviu de referência e inspiração para muitos que estão hoje em atividade. Orgulho-me de ter sido um dos iniciadores desse movimento e sou grato pelo privilégio de estar ao lado das pessoas que deram forma e voz a essa ideia.

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