quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A arte da transformação

O artista plástico Vik Muniz, um dos maiores expoentes das artes plásticas hoje no Brasil, tem um mérito muito maior que sua sensibilidade e traços artísticos. Vik que no ano passado realizou uma grande exposição no MAM, onde a série de trabalhos que retratava trabalhadores do Aterro Sanitário de Jardim Gramacho em Duque de Caxias. A série virou filme, premiado em Berlim e aplaudido de pé durante o Festival do Rio.
Lixo Extraordinário acompanha a visita do artista plástico Vik Muniz a um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro.
Lá ele encontra um grupo de catadores de materiais recicláveis e convida-os para conhecer a sua arte e a participar dela, utilizando como matéria prima o lixo.O Cine Encontro do filme, que participa da mostra Hors Concours da Première Brasil, teve a presença dos diretores João Jardim e Karen Harley, do artista plástico Vik Muniz, Nanko van Buuren da ONG Instituto Brasileiro de Inovações pró-Sociedade Saudável  e de Marcos Didonet como mediador.
A proposta inicial do projeto era fazer um filme em que Vik Muniz fosse o foco. Ele e um produtor contrataram Lucy Walker, e depois João Jardim. Karen Harley foi a última a entrar. Logo que o projeto avançou, os diretores levaram Vik ao aterro sanitário de Gramacho para entrevistar pessoas e ver a realidade do local. “Aquilo lá é lindo. As montanhas de lixo são lindas. Mas também é um inferno, o cheiro é horrível”, disse Karen. “O mangue ao lado do aterro é a coisa mais linda, fiz um passeio por lá”, complementou Vik.
Os catadores entrevistados são, para a equipe de diretores, Vik, e o público, um achado. Seus depoimentos, cheios de otimismo, senso de humor e alegria, emocionaram a todos. “Um dos nossos maiores desafios era de mostrar que o catador não é triste”, disse João. Vik, que ficou íntimo de muitos deles, disse que “Cada um deles tem histórias muito ricas, mas não dava para colocar todas no filme”.
A interação com a arte ajudou os catadores a crescer.  Ao levá-los ao galpão de Vik para fazer auto retratos utilizando lixo, a vida de cada um começou a mudar. “Havia uma preocupação em mostrar os catadores não como a outra metade”, disse Vik. Foram feitas sete fotografias das instalações e o dinheiro da venda das fotos beneficiou cada um deles. “Eles são pobres, não são coitadinhos. Não estão se aproveitando do lixo, estão fazendo arte”, disse Nanko van Buuren.
A preocupação com a coleta seletiva ocupou grande parte do debate. “O catador não precisa mexer com o aterro, ele tem acesso a uma cadeia produtiva de lixo seletivo”, segundo Marcos Didonet. As imagens das montanhas de lixo remetem a uma longa história. “Se você tem menos de quarenta anos, debaixo daquelas pilhas de lixo de cinqüenta metros ainda tem as suas fraldas”, disse Vik.
A conscientização é o principal objetivo do filme. “Não temos que educar o catador, temos que educar o povo”, disse João Jardim.

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