- Verena Fornetti
- Folha de S. Paulo
Brasileira que cresceu em Interlagos e foi estudar nos EUA vive hoje num acampamento contra o sistema financeiro e pensa fazer parte de 'momento histórico'
A estudante Vanessa Zettler, 23, é uma das líderes do movimento Ocupe Wall Street, que promove marchas e acampamentos em Nova York. De São Paulo e fazendo faculdade nos EUA há um ano, ela diz se sentir parte de um momento histórico.
Recebi por e-mail o chamado do Addbusters, um grupo com fundamentações anarquistas, para ocupar Wall Street. Foi entre junho e julho. Um pessoal se organizou para fazer a primeira assembleia. Eu cheguei na terceira.
O pessoal foi acolhedor. Eles nem tinham tanta experiência em organização política. Eu tinha alguma. Participei de manifestações políticas antes de entrar no curso de multimeios na PUC.
Cresci em Interlagos. Nos últimos anos, estava morando no Campo Belo, na zona sul. Meu pai trabalha no setor financeiro de uma empresa, e minha mãe é dona de casa. Tenho dois irmãos. Sou a do meio e tenho 23 anos. Sempre fiquei insatisfeita em ver gente passando necessidade na rua, gente se matando de trabalhar, não tendo oportunidade de estudar.
Comecei com 17 anos a me envolver, mas não tão intensamente quanto agora. É a primeira vez que estou numa coisa tão grande e estou tão envolvida. Cada dia fico mais empolgada. A organização aqui é complexa. Na assembleia a gente gasta bastante tempo falando de organização. Tem comitê de comida, de conforto, de higiene.
O comitê de comida oferece alimentação de graça para qualquer pessoa que chegar. Temos moradores de rua também aqui com a gente e não temos problema. Eles nos ajudam a limpar o parque.
As pessoas que doam alimento e dinheiro são as que apoiam o movimento, mas não podem estar aqui. Já o comitê sanitário mantém a praça limpa. E há o comitê de saúde, com médico para atender quem precisar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário