terça-feira, 31 de março de 2015

Verticais do Poder - exposição do artista plástico Lippe Muniz será aberta hoje na Galeria Graphos

Verticais do Poder

Um microfone apontado para o retrato de um presidente da república falecido há mais de três décadas capta os ruídos que o silêncio eterno não consegue fazer esquecer. Em 1964 o Brasil era uma potência regional de significativo potencial econômico e de liderança, politicamente instável e socialmente precária. O mundo era um mundo polarizado por duas ideologias e duas potências rivais e o Brasil assim como o mundo também se polarizava. Território estratégico no Cone Sul, o país dava uma guinada rumo a uma política de esquerda com o presidente João Goulart no comando da nação. Conservadores não se conformaram e especulações de que um golpe comunista aconteceria logo surgiram. Qual teria sido então a influência das duas potências mundiais, EUA e URSS, no Brasil pré golpe de 1964? Teve conspiração? Os ruídos captados pelo microfone apontado para o rosto do Presidente são capazes de nos esclarecer algo a respeito desse caso?

Verticais do Poder é uma instalação que investiga o famigerado trabalho de conspiração realizado pelo então embaixador dos Estados Unidos da América, Lincoln Gordon, no Brasil durante o governo de João Goulart em conjunto com as forças militares nacionais e setores da sociedade civil brasileira que resultou no golpe de 1964. A instalação enclausurada no anexo da galeria Graphos:Brasil nos fala de um passado recente envolto em mistério, teorias conspiratórias, mal-entendidos, tragédia... história mal contada. A instalação de Lippe apresenta um microfone ligado apontado para o “retrato oficial” do presidente João Goulart feito a grafite pelo próprio artista e desenhos realizados a partir da apropriação de imagens encontradas que mostram o embaixador Lincoln Gordon e o então general Castello Branco, que veio a se tornar o primeiro presidente da ditadura, se confraternizando. Mas qual som pode ser captado dentro da blindagem sufocante do anexo? Alguma revelação? Confissão? O que essas figuras históricas ainda têm a nos dizer?

Recentemente Edward Snowden, ex-técnico da NSA, revelou que os Estados Unidos ainda espionam diversos países no mundo, inclusive o Brasil. Em todo caso, Lincoln Gordon faleceu em 2009 sem nunca ter confessado participação efetiva no golpe civil-militar de 1964. O ex-embaixador sempre afirmou que os Estados Unidos não lideraram nem apoiaram os militares em 1964 e que os militares fizeram tudo sozinhos com apoio popular e político. Gordon morreu em paz negando a existência da operação Brother Sam e qualquer tipo de conspiração contra Goulart. Fantasmas não podem falar... alguns ainda podem.

Lippe.


ABERTURA DIA 31 DE MARÇO DAS 19h ÀS 22h.
instalação especialmente desenvolvida por Lippe para ocupar o anexo da galeria Graphos:Brasil.

Rua Siqueira Campos, 143- sobreloja 129 - Copacabana


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