terça-feira, 1 de novembro de 2011

Internet é a principal ferramenta do #OcupaRio


Palco de várias lutas históricas, a Cinelândia, no Rio de Janeiro, se transformou num espaço de mobilização para cidadãos que protestam contra os efeitos do sistema capitalista. Desde o último sábado, dia 22, diversos ativistas e movimentos sociais fundaram o #OcupaRio, manifestação originada por chamamento global de ocupações de praças que já conta com a adesão de 80 países. Mais de 150 pessoas se reuniram em um ato público na Cinelândia, e após uma assembleia, decidiram montar um acampamento no local. Hoje, mais de 60 barracas estão na praça e diversas atividades acontecem diariamente.
Utilizando a internet como ferramentas de mobilização, o movimento mantém um blog e potencializa a divulgação das atividades por meio das redes sociais. Para criar uma identidade os participantes adotaram o sobrenome “Indignado (a)”. De acordo com Rafael “Indignado”, do grupo de trabalho de comunicação, é preciso unir o diálogo na rua com a apropriação dessas novas ferramentas para ampliar o debate. “Além de usar a internet para divulgar o que está acontecendo aqui, todos os dias estamos fazendo intervenções nas ruas para tornar visíveis nossos protestos”, afirma o ativista.
"O pior cego é aquele que tem TV"
Frases criativas, como “O pior cego é aquele que tem TV”, põem em xeque o modelo empregado pelos grandes meios de comunicação. De acordo com Heyk Pimenta, escritor e integrante do movimento, a grande imprensa funciona hoje como um braço do mercado. “Os meios de comunicação de massa se prestam ao papel de formatar os cidadãos para o consumo”, critica o escritor. Já Maria “Indignada”, estudante que também se soma aos protestos, chama a atenção para a cobertura que a mídia comercial vem fazendo da manifestação na Cinelândia. “Quando não há um boicote, a mídia nos trata em sua cobertura como um conjunto de pessoas desocupadas, sem causas”, explica.
Ainda para Pimenta, a ação busca o diálogo com a sociedade para denunciar as mazelas provocadas pela política capitalista, que historicamente vem acentuando as desigualdades sociais. “Isso aqui é um espaço de mobilização permanente para todos que querem mudar a sociedade. Há muito tempo não acontece algo em rede como está ocorrendo agora”, aponta. Maria “Indignada”, concorda e afirma que o sistema capitalista precisa ser superado. “Chegou a um ponto que o sistema não se sustenta mais”, completa.
Indignados pelo mundo
Nos últimos meses, os Estados Unidos vêm presenciando uma sucessão de protestos que têm como palco Wall Street, rua que concentra escritórios das maiores corporações econômicas do mundo e onde está localizada a Bolsa de Valores de Nova Iorque. Desde setembro, esse centro financeiro divide espaço com centenas de indignados no que se chamou de #OccupyWallStreet.
Em outras partes do mundo, ações dessa natureza estão se multiplicando. No chamamento global do dia 15 de outubro, 950 ruas foram ocupadas em 82 países, segundo artigo de Rafael Hernández Bolívar publicado pela emissora pública Telesur . O artigo afirma ainda que “se tais manifestações conseguem se concretizar como um rechaço global contra o sistema capitalista e em uma plataforma comum para derrotar a estrutura devastadora, exploradora e fraudulenta do capitalismo, se fortalecem também as lutas que em cada país livram o povo do imperialismo e de seus próprios exploradores” (trecho livremente traduzido para o português por este Observatório).
 
André Vieira
Observatório do Direito à Comunicação
 
 



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