terça-feira, 8 de maio de 2012

Carta Aberta do Cineclube Buraco do Getúlio


Carta aberta aos buraqueiros e a quem mais interessar possa,

É com uma estranha mistura de sensações que viemos por meio desta, informar que o Cineclube Buraco do Getúlio está suspendendo as suas atividades na Casa de Cultura de Nova Iguaçu.

Esses três anos e dez meses em que o BG realizou sessões em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, sem dúvida foram fundamentais para o desenvolvimento e fortalecimento da atividade, da Casa de Cultura de Nova Iguaçu e consequentemente da cena cultural da cidade, seja contribuindo com a difusão da linguagem cinematográfica ou com as demais linguagens e movimentos artísticos que sempre foram parte integrante da nossa ação.

Durante esse período passamos por diversos gestores com metodologias de trabalho diferenciadas, e o que sempre tivemos a nosso favor foi a busca de um diálogo sincero, tentando entender as questões administrativas do único espaço público cultural da cidade, além de trabalhar duro para oferecer a juventude da Baixada Fluminense uma atividade cultural de qualidade, com um trabalho incansável de formação de público.

Contudo, o desrespeito com o nosso público é algo que definitivamente não estamos dispostos a tolerar por parte de nenhum parceiro. Em julho, completaremos seis anos de atividades ininterruptas e, ao longo desses anos, conseguimos construir uma relação muito próxima e honesta com o nosso público e não estamos interessados, de maneira alguma, em desgastar essa relação perdendo a credibilidade depositada na equipe do BG e em seus convidados.

Na última terça-feira, dia 1º de maio, feriado, havia uma sessão programada do filme “Bróder” de Jeferson De, dentro do “Ciclo Juventude Transviada!?”. Não nos recordamos de outras sessões ocorridas no mesmo contexto, por maior que fosse nossa posição contrária a Casa de Cultura de Nova Iguaçu não funcionar durante os feriados. Ainda assim, confirmamos algumas vezes a realização dessa sessão junto à administração da Casa. Ao chegarmos, público e equipe, para a realização da sessão, encontramos o espaço fechado e fomos informados pelo vigia que não havia nenhuma notificação sobre a atividade programada e sequer técnico para abrir o Teatro Sylvio Monteiro. Nos sentimos verdadeiramente envergonhados com o fato, pois não é porque a atividade é realizada por um grupo local e sem a cobrança de ingresso, que nos sentimos com menor responsabilidade do que os cinemas de uma rede comercial como o Grupo Severiano Ribeiro, por exemplo. Além disso, a nossa atividade cineclubista não consiste apenas em produzir a cópia de um filme e estar no dia programado para exibi-la, nós planejamos a curadoria de cada mês; fazemos um trabalho de pesquisa árduo para coletar informações sobre cada filme; confeccionamos um folder com a programação mensal, que é impresso e distribuído para o público com parte das informações coletadas; confeccionamos e-flyers para cada sessão, que são postados em redes sociais e enviados por e-mail; alimentamos um blog com duas postagens por sessão e uma página no Facebook que contém 3.061 pessoas conectadas; e quando uma sessão não acontece, todo esse “trabalho de formiguinha” é praticamente jogado fora.

Foi solicitado pela equipe do BG que a Casa de Cultura de Nova Iguaçu emitisse, via redes sociais, um pedido público de desculpas pelo grave ocorrido. Até o momento este simples pedido de desculpas ao público que compareceu a sessão não aconteceu.

Não pensem que o grave problema ocorrido no dia 1º de maio foi o único ao longo dessa jornada. As questões até aqui sempre foram internas, da parceria do cineclube com as gestões. Contudo, nenhum dos outros atingiu diretamente o público de maneira que a equipe do BG não conseguisse uma solução. Gotas d’água enchem um copo.

Agradecemos, desejamos sorte, criatividade e responsabilidade para a atual gestão, afinal continuamos cidadãos iguaçuanos e nossa vontade maior é que a gestão da pasta esteja à altura da cultura dessa grandiosa cidade. Quem sabe um dia, voltamos a ocupar o único equipamento cultural público que temos?

É importante salientar que este não é o fim do Cineclube Buraco do Getúlio. Voltamos em breve. Fiquem ligados a nós, pois estamos ligados a vocês. Afinal, o Buraco sempre foi e irá mais fundo que a maioria imagina!

Abraços,
Equipe do Cineclube Buraco do Getúlio


Um comentário:

sidney disse...

E só por isso vão largar o barco? Isso parece atitude de uma criança que deixa de brincar porque o brinquedo caiu no chão. Adultos lutam e batalham, não desistem e abandonam o jogo quando o placar tá reverso. Pensem nisso!

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