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Uma bela crônica de Heraldo Hb sobre o valor de uma amizade.
Muito já se escreveu ao longo de séculos na literatura e na ciência política acerca da solidão do poder, do isolamento existencial do governante da vez, encastelado geralmente em seus devaneios de perpetuação do poder, no receio de perda das benesses e das bajulações. Mas na minha humilde interpretação deste fenômeno costumo chamar mesmo é de falta de amigo. Sim, parece simplista, mas não creio que seja. Amigo, amigo mesmo, amigo meeeeesmo, é coisa rara pra quem confunde um cargo circunstancial com o resto da vida de verdade lá fora, e que vive cercado de tudo quanto é tipo de interesses, todos loucos pra exercitar, ao menor descuido, a velha e conhecida rasteira… Excluo daí, logicamente, os monarcas que assumem tronos por laços familiares tradicionais, sangue azul, essas porras. (Se bem que, em geral, vários dos políticos mandatários acabam se achando imperadores de alto coturno…).
Essas reflexões me vieram por motivos ligados ao momento político de Caxias, principalmente porque dia desses o Amiguzito foi visto andando sozinho pelos arredores da câmara municipal, semblante pensativo, cara amarrada, possivelmente refletindo sobre os rumos de seu governo – o que pela minha interpretação, pode significar o remoer da falta de amigo, amigo de verdade…
Isso fez me lembrar de quando o Uóston era prefeito, vitimizado pelo mesmo problema… cercado de seus cambonos tidos como fiéis, como sempre o sentimento de que tudo vai bem, de que seu governo é o máximo, quê isso chefe, isso são intrigas da oposição e coisa e tal… O mesmo rame-rame de sempre. Pois bem: aí vem a eleição pra deputado em 2008, no meio de seu mandato, e o Amiguzito crava acachapantes 204 mil votos, se elegendo inequivocamente nas barbas do Batoré…
Daí é o que deve ter rolado: que nada, chefe, fica tranquilo, esquenta não, quê isso, o governo tá indo ótimo, que mudar nada, mudar pra quê, deixa o povo falar, tu tá bem, tá firme, o povo tá contigo e por aí vai. O resto da história foi o previsível: sujeito perde a eleição no primeiro turno… E é bom lembrar: com apoio das máquinas municipal, estadual, federal e Universal…
Mas, o mais atual e emblemático exemplo desse fenômeno é mesmo o que tem vivido o Amiguzito. Veja só e pense comigo: sem entrar aqui no mérito da relevânvia e urgência, a prefetura vai e começa uma série de obras de remodelagem do centro, colocando tijolinhos novos, palmeiras imperiais, essas coisas de paisagismo e tals. Mas, numa cidade com problema crônico e histórico de falta d’água o que resolvem construir logo no centro da cidade? Um monte de chafariz!! Sim, chafariz – e mais de um… Isso é o que chamo de falta absurda de amigo… Sabe aquela coisa de não ter ninguém pra chegar no particular, no cantinho, e dizer: pô, rapá, faz isso não… vai pegar mal demais… logo chafariz? Tem que lembrar ao cidadão que falta água na cidade?…
É isso, amigos: falta de amizade verdadeira. Isso deve ser chato.
***
Aproveitando o assunto amizade, lembrei também da sutileza do parceiro G., esse sim daqueles que não tergiversa e diz a verdade doa a que doa.
Há uns anos começou a aparecer um monte de carro na cidade com adesivo de um tal Beto, Um Amigo. Dizia-se que o tal Beto, Um Amigo, estava bem cotado pra vereança, com chances reais, que o cara era o cara mesmo, o que acreditei devido à quantidade expressiva de adesivos rodando por Caxias com o nome e o epíteto da pessoa. Pois bem: faltando alguns meses para o processo eleitoral alguém vai e mata o sujeito…
No que o amigo G., com sua sutileza de javali selvagem, manda na lata numa roda de conversa lá no Elite: “é, gente, alguém não era amigo do Beto…
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