"O Fim do Sem Fim é um documentário que tem como pano de fundo o eminente desaparecimento de certos ofícios e profissões no Brasil. Rodado em 16mm, super8 e DV nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Ceará, o filme é um mergulho na inventividade e resistência do brasileiro diante das mudanças tecnológicas e culturais. Num contínuo debate entre a finalidade e o fim das coisas, as evoluções contemporâneas são tratadas com autenticidade e lucidez pelos próprios indivíduos retratados. O projeto foi baseado em ampla pesquisa, que procurou contudo, abordar o tema central de forma livre e sem maiores compromissos com metodologias históricas ou antropológicas rigorosas.
Ao longo do trabalho, os personagens são apresentados de formas distintas com diferentes tratamentos estéticos e processos de gravação. Alguns são retratados de forma crua e singular, alguns são revelados aos poucos, e outros compõem retratos mais rebuscados e/ou delirantes. No conjunto, esses representantes anônimos da cultura brasileira contribuem para uma visão curiosa da confluência de fatores e referências que vem compondo a nação brasileira desde seu descobrimento. Dando corpo a uma visão antropofágica da cultura do pais, o trabalho não se prende a idéias, recursos ou tratamentos homogêneos, e as imagens e depoimentos vão aos poucos resultando em novas idéias e construções visuais. Em suas imagens finais a câmera se detém no que restou de uma cidade submergida à foz do São Franciso, o rio da integração nacional, sugerindo também a potência de evasão e desaguamento de uma culura rica e miscigenada em todos os aspectos.Tal como na realidade encontrada, ficção, sonho e lucidez se somam no documentário."
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