- 19/09/2011 |
- Redação
- Software Livre
Em entrevista exclusiva para o Serpro, o diretor executivo da Linux International, Jon “Maddog” Hall, fala sobre o papel do software livre na inclusão digital de 5 bilhões de pessoas.
No dia 5 de outubro de 1991, Linus Torvalds anunciou a primeira versão oficial do “Linux”, formado da junção do seu nome com o sistema Unix. Linus era um estudante de ciência da computação que estava desenvolvendo um sistema mais poderoso que o minix (uma versão gratuita do unix, que programadores experientes podiam modificar).
Para divulgar sua ideia, ele enviou uma mensagem a um grupo pela Usenet (um antecessor da internet). Linus não tinha a intenção de ganhar dinheiro e, sim, fazer um sistema para seu uso pessoal, que atendesse suas necessidades. O estilo de desenvolvimento adotado foi o de ajuda coletiva. Milhares de pessoas contribuem gratuitamente com o desenvolvimento do Linux, simplesmente pelo prazer de fazer um sistema operacional melhor.
Atualmente, existem cerca de 2 bilhões de usuários da internet no mundo e, portanto, mais de de 5 bilhões de pessoas excluídas digitalmente. Maddog afirmouxplicou, em entrevista por e-mail, que o GNU/Linux pode rodar em computadores antigos como Intel 386/486 (embora versões antigas do Pentium sejam preferíveis) que seriam mais acessíveis a uma população de baixa renda.
“Mesmo que existisse o sistema proprietário para estas máquinas, estes usuários não poderiam pagar pela licença legal deles, portanto estas máquinas estão abertas a vírus e outros ataques de internet. O Linux, mesmo nestes computadores antigos, possui a mesma assistência técnica e características de segurança das máquinas mais modernas com GNU/Linux.”, explicou Maddog.
Outra vantagem do sistema Linux, apontada por Jon, é a possibilidade de adequar o sistema a qualquer idioma e ao modo de fazer negócios de uma determinada região ou país, o que não é possível nos programas proprietários. “O software livre permite ao usuário escolher o formato padrão oferecido ou modificá-lo para um novo idioma ou forma de fazer negócios”, conclui.
O veterano evangelizador também falou que a ação prioritária do Linux nos próximos anos é ensinar aos usuários como economizar, ganhar dinheiro e manter um maior controle de seus softwares usando plataformas abertas, além de apresentar novos modelos de negócio: “Muitas pessoas acreditam que a principal razão do uso de software livre é o fato de serem grátis. Acredito que a forma correta de promover uma solução livre é falar do valor do software em si, além de destacar o retorno do investimento. Existem muitos casos, inclusive no Brasil, em que o software livre trouxe um retorno muito maior de investimento do que as opções proprietárias.”
Maddog elogiou a atuação do governo brasileiro na adoção do software livre que, segundo sua avaliação, tem sido gradativa e de acordo com as necessidades do país. De acordo com Maddog, um software proprietário que esteja funcionando bem não deve ser trocado por outro só porque é livre.
A edição 207 da Revista Tema traz uma outra parte da entrevista com Jon “Maddog” Hill, que aborda assuntos como a autonomia que o software livre garante para as nações. “Maddog” também fala sobre sua motivação para continuar dando palestras pelo mundo defendendo a bandeira do Software Livre e destaca o projeto brasileiro Cauã. A iniciativa tem como objetivo trabalhar junto aos governos para incentivar a criação de milhões de negócios independentes, que fornecerão serviços de computação para seus consumidores finais.
De acordo com Maddog, o nome “Cauã” é baseado em seu afilhado, uma criança brasileira de cinco anos de idade”. Esse envolvimento humano é um dos motivos para o seu trabalho como evangelizador do software livre. “A comunidade Software Livre, principalmente os jovens, me estimula muito. Na Espanha, um rapaz de 15 anos desenvolveu sua própria distribuição do GNU/Linux, batizada de Asturix.”, relata.
De acordo com Maddog, “autonomia” é uma palavra-chave para o uso do software livre. Segundo ele, um projeto governamental pode ser constantemente atualizado com o uso de códigos abertos. “Cuba está proibida de usar softwares de empresas americanas, mas como softwares livres são desenvolvidos no mundo inteiro, Cuba pode manter seus sistemas de código aberto funcionando, mesmo se eles sofrerem embargo.”, exemplifica.
Comunicação Social do Serpro - Brasília,
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